quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
NOSSA VIDA - (Victor Chaves) - 11/02/2009
Desde as primeiras noções públicas relacionadas à música em minha vida, senti a diferença entre meu trabalho e minha casa.
Minha casa é onde pratico minha pessoa diante de uma imagem não criada e sim, vivida com amigos e familiares ao longo da convivência e do conhecimento próximo. Meu trabalho é onde pratico meu sentimento de subserviência, dignidade e sentido existencial, em que a sobrevivência se faz além dos ganhos materiais.
Os ganhos materiais são importantes, mas não tenho dúvida de que sem a realização interior através do quanto se pode servir às pessoas, amadurecendo os dons e qualificando-se existencialmente, não seria possível sobreviver.
Penso eu: Após conseguir um meio de sobrevivência, onde estará a razão de minha existência?
E a resposta aparece no quanto posso contribuir para a melhoria deste mundo, enquanto estou vivo. A resposta está no quanto posso melhorar-me como espírito e ser humano, para que assim, minha contribuição ao mundo possa ser próspera.
Fico pensando no quanto as pessoas andam indiferentes e alheias ao sentimento de auto-aprimoramento nos dias de hoje. Prendem-se a notícias cheias de sensacionalismo e horror. Buscam fatos vazios e de inutilidade explícita. Com isto, perdem o precioso tempo de suas vidas que jamais será reposto. Enquanto riem-se gabando-se e regozijando-se por serem jovens, não sabem que são infelizes e que a velhice ou a morte abrupta os espera em algum canto. Não sabem que viver é por si só um dom, além de uma grande responsabilidade. Vida é trabalho e trabalho é o exercício de lapidar-se. Todas as festas, bebidas, aventuras e piadas do mundo não poderão compensar a falta de coragem para adquirir e usar mínimas sabedorias disponíveis, as quais poderiam ter gerado felicidade duradoura e real. O divertimento é importante, mas antes dele, a sabedoria lhe oferece o equilíbrio.
Dias destes, fiz um comentário num show. Disse que as pessoas estão oferecendo seu dinheiro, seu tempo e seu espaço, em troca de notícia e entretenimento inútil.
Tentam saber quem está casando-se com quem, quem engravidou, quem comprou ou vendeu, vivendo a vida alheia como sendo a sua. Hora, quem vive a vida dos outros, esquece-se da própria e aí, morrer sem ter vivido será apenas uma triste conseq?c;ncia.
Há pessoas ainda que buscam justificativas dizendo que quem é público não pode ter privacidade. Será?
Não estamos falando apenas de pessoas públicas. Estamos falando de uma sociedade e até de um modelo de família, em que as pessoas vasculham-se o tempo inteiro.
Entrego-me de alma e coração ao que faço e o que faço, faço por mim e pelas pessoas. Tento dar sentido à minha vida realizando-me através do sentido que dou ao que faço e digo: Quando assistimos um filme sem conteúdo, lemos inutilidades sobre a “última celebridade”e investigamos o carro novo do vizinho, estamos perdendo a oportunidade de, no lugar disso, fazer uma boa pergunta, ouvir uma boa resposta, adquirir conhecimento, aprender algo novo ou de ao menos viver esta fagulha valiosa de nossa própria vida.
Temos medo de nós mesmos e fugimos para as casas, os carros, e a vida dos outros.
Comecei a namorar alguém e vi gente da imprensa correndo atrás do fato, assim como acontece com outros artistas, no colégio e entre as famílias.
Se estou namorando alguém e as pessoas compram revistas ou jornais para saber sobre isto, somente quem comprou gastou tempo e dinheiro inutilmente. Nada muda em minha vida, e na de quem comprou ou comentou, o tempo e o dinheiro perdido não poderão ser repostos e ainda renderam lucro para uma imprensa vazia, que vive às custas de quem paga pelo inútil . Em que isto poderia acrescentar ou mudar de alguma forma real a vida de alguém?
É por amor a mim e às pessoas que digo: Busquemos aprimoramento, educação, espiritualidade e sejamos felizes da única maneira possível: Vivendo nossas próprias vidas, não as dos outros.
Nossa sociedade, especialista em julgamentos, possui grandes potências em emitir opiniões, adornar conceitos e criar rótulos vendáveis. Você será mais um a dizer que sua opinião é sua, usando a opinião dos outros? Você será mais um entre milhões a correr nas bancas para absorver a última nobre fofoca? Você será mais um?
Nossas escolhas estão em nossas mãos, não nas dos outros.
Podemos errar, mas na tentativa de mais acertos, sugiro que façamos duas perguntas diante das coisas e de nossas escolhas:
1-Qual a utilidade disto?
2-Há amor nisto?
Se diante de algo, não sentimos que podemos gerar melhoras, nos tornar melhores ou mais amorosos, podemos simplesmente estar perdendo vida.
A escolha é de cada um.
(Victor Chaves)
Fonte: Site Oficial
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